"... é uma obra para ler mais de uma vez. Um trabalho com uma sutileza de detalhes que faz com que uma segunda (ou terceira) leitura seja ainda mais surpreendente..."
Saiu a crítica da minha nova HQ, COISAS DE ADORNAR PAREDES, no site Universo HQ! Descubra nas generosas palavras do Rodrigo Scama (do canal Kitinete HQ no Youtube) as razões para ter o seu exemplar! Depois é só correr para as livrarias e comic shops!
Publicado originalmente em http://www.universohq.com/reviews/coisas-de-adornar-paredes/
Data: 20 maio, 2016
Editora: Quadrinhofilia – Edição especial
Autor: José Aguiar (texto e arte).
Preço: R$ 48,00
Número de páginas: 120
Data de lançamento: Abril de 2016
Sinopse
Um melancólico escritor de histórias de
terror que, na realidade, é um mero funcionário de uma empresa de
azulejos fora de linha. Ele mostra seus contos a dois amigos que
trabalham com ele e ouve as críticas de ambos.
Positivo/Negativo
Coisas de adornar paredes é o
novo trabalho do curitibano José Aguiar, um incansável batalhador da
nona arte no sul do Brasil. Desta vez, o autor apresenta a história de
Chico, um jovem que trabalha em uma empresa de azulejos fora de linha
(daqueles que as pessoas pagam fortunas porque precisam refazer uma
parede), mas quer mesmo é se firmar como escritor.
Assim, a dinâmica do álbum é feita pelos
contos de Chico e, logo depois, pela crítica de dois de seus colegas,
Ana e Caio, que leem as histórias no meio do expediente e expressam sua
opinião ao pobre autor.
O que torna este álbum interessantíssimo
é justamente essa dinâmica. Primeiro, porque se lê um conto. Em
seguida, vem a crítica a esta história. Ana e Caio representam muito
mais a autocrítica de Aguiar, do que a crítica ao personagem Chico.
Todas as tramas contadas por Chico têm a
ver com coisas que adornam paredes (como o título explica). Assim,
Aguiar invade o mundo dos azulejos, dos tijolos, das rachaduras, dos
quadros e de tantas outras coisas que existem em nossas paredes, em
nossas casas e que raramente nos damos conta.
Os contos de Chico são muito bem
construídos, e misturam algo de moderno com as histórias de Edgar Allan
Paul, Baudelaire ou Oscar Wilde. O fantástico e o horror se mesclam, e o
leitor é brindado com um interessante desenvolvimento de personagens e
de trama, que, como era de se esperar, não raro acaba mal.
Mas o álbum é mais do que isso, porque,
como já foi dito, há a crítica da história contada. Existe uma nova
camada de leitura na interação entre Chico, Ana e Caio. E ali a trama
precedente se completa, porque os pontos falhos da narrativa do pretenso
escritor são explicitados, mas não só.
Aos poucos, o leitor vai percebendo que
as inspirações para a escrita das histórias vêm justamente desses
encontros e diálogos no meio do expediente. E que é o desenvolvimento da
relação entre os personagens que motiva Chico a escrever e, em outra
perspectiva, não ser tão bem-sucedido na arte das letras.
O desenho de José Aguiar é outro ponto
forte. O artista usa a técnica da aguada para fazer fenomenais aquarelas
em escalas de cinza. Os personagens angulosos contrastam de forma
brilhante com essa técnica artística, pois promovem uma estranheza que
chama a atenção.
Talvez o melhor momento para perceber
isso sejam as sutilezas dos retratos dos personagens pendurados na
parede das páginas 46 e 47. Um tipo de arte que faz Aguiar se destacar
pela criatividade e originalidade.
Para quem é curitibano, há outro detalhe
importante: cada uma das histórias se passa em um bairro da capital
paranaense. Para quem não é de Curitiba, basta dizer que Uberaba,
Boqueirão, Santa Felicidade e os demais nomes próprios que aparecem nos
títulos são os nomes dos “pedaços” da cidade.
Enfim, é uma obra para ler mais de uma
vez. Um trabalho com uma sutileza de detalhes que faz com que uma
segunda (ou terceira) leitura seja ainda mais surpreendente, para
perceber as diversas camadas de interpretações colocadas por Aguiar
neste livro.
Classificação
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